2º Edição
A Segunda Edição da Batalha Coroa de Ouro aconteceu no dia 28 de setembro, no Cine Teatro Ouro Verde, que vivenciou mais um momento histórico.
O evento reuniu 16 MCs no palco do Cine Teatro pela segunda vez em mais de 70 anos desde a fundação do espaço. Somente em 2024, o hip-hop chegou ao Ouro Verde, na 1ª edição do evento (saiba mais aqui).
A Batalha Coroa de Ouro integra a programação do 3º Festival das Diversidades, promovido pelo programa de extensão Práxis Itinerante e a produtora Kapanga Criativa. Também organizaram a atividade o Circuito Londrinense de Batalhas de Rima e o Centro de Direitos Humanos de Londrina.
“A ideia da Batalha Coroa de Ouro surge com os próprios MCs da cena local, no desejo de reivindicar um espaço que é fora do que é comum para eles, para além das quebradas. A ideia é abraçada pelo Práxis Itinerante e pelo Circuito Londrinense de Batalhas de Rima, colocando as batalhas de Londrina ainda mais em evidência”, explica Márcio Teixeira, professor, membro do Centro de Direitos Humanos de Londrina e um dos apresentadores do “Pega Visão”, podcast que busca combater preconceitos e valorizar cultura hip-hop em Londrina.
De acordo com ele, o evento já se tornou um momento aguardado entre os MCs, que ao assumirem os microfones reforçam a importância de ocupar o espaço. “Estamos falando de rima com ideologia, de rimar com potência e amor”, acrescenta Teixeira.
Ismael Frare, também integrante do Centro de Direitos Humanos de Londrina, evidencia a potência da cultura hip-hop em Londrina, que semanalmente reúne cerca de 3 mil jovens em batalhas realizadas nas diferentes regiões da cidade.
Para ele, a Coroa de Ouro fortalece o movimento hip-hop, que constitui um “espaço de salvação para estas juventudes”.
“Acompanhamos diversos relatos de jovens que falam como a rima contribuiu para a sua vida, para a saúde mental, oportunizando sonhar, além de ser um espaço de cuidado entre eles”, assinala.
Tiago Daniel, ator, produtor cultural, um dos idealizadores da Kapanga Criativa e membro do Práxis Itinerante, classifica a Batalha Coroa de Ouro como um “marco político”, principalmente, considerando o desmonte das políticas culturais em Londrina.
“Ocupar um teatro com o hip-hop é histórico em qualquer lugar, mas em Londrina, em especial, com tudo que vem acontecendo de retirar os espaços de lazer. Estar em um espaço que é tradicional, da Universidade, que é conhecido por ter seus grandes festivais, grandes apresentações, grandes orquestas, poder ocupar também com um grande evento de hip-hop é sem dúvida muito importante”, observa.
Para a produtora cultural, representante do Circuito Londrinense de Batalhas de Rima, Joice Dias, as batalhas de rima contribuem para a democratização do acesso à cultura e para a transformação social.
“Acho que as batalhas ocupam este lugar de visibilidade, de voz, levando a molecada que está nas periferias a ter acesso à cultura”, diz.
O Circuito Londrinense é formado por 15 batalhas que ocorrem, principalmente, em praças, entre outros espaços públicos.
Desde 2023, as batalhas de rima são consideradas Patrimônio Cultural do Paraná. A Lei nº 21.519, de autoria da deputada estadual Ana Júlia (PT), reconhece a expressão artística como parte da identidade e cultura do estado.
Antes da Coroa
Neste ano, a programação do evento foi ampliada, contando também com disputas de tag e de beat. As atividades ocorreram no Calçadão, em frente ao Ouro Verde.
De Lima, DJ da Batalha do Hemp, foi o que mais animou o público com as batidas. “Desde pequeno, eu comecei a frequentar as batalhas de rima como MC, corria pelas batalhas da cidade e fui pegando gosto em criar batidas e descobrindo meu lado DJ”, lembra.
Ainda, ele destaca o ineditismo da programação e compartilha as expectativas com as próximas edições.
“É algo novo, não ocorre com frequência, tem batalhas de DJs na cidade, mas não é algo voltado ao hip-hop. Achei muito legal, fiquei muito feliz em participar e espero que a gente possa fazer acontecer novamente porque é muito importante para os DJs da cena”, assinala.
Já Malandra venceu a batalha de tag, que corresponde a uma competição de rua, difundida no universo hip-hop, onde dois artistas de grafite se enfrentam para criar a tag mais criativa em um tempo limitado, geralmente, a partir de uma palavra sugerida pela plateia.
“Acho que é bem importante ter esta integração do grafite como elemento que faz parte da cultura hip-hop. A gente tem batalha de rima com muita frequência, o que é muito bom, mas as batalhas de tag acontecem mais eventualmente”, avalia.
“A pichação vem em lugar de ocupar a cidade mesmo e é muito importante porque a gente não depende de galeria, de rede social para colocar nosso trabalho no mundo”, ela complementa.
A entrega da Coroa
Após duelos na primeira e segunda fases, os MCs SKS, da batalha da leste, e Muhai, da batalha do Jardim União da Vitória, disputaram a grande final.
Foram três rounds acompanhados de perto pelo público e jurados. SKS foi escolhido para levar a Coroa para casa. Além do título, o campeão recebeu a premiação de R$ 1 mil. Já o vice-campeão ganhou R$ 500.
“Estou muito feliz, de verdade, um evento muito da hora e importante para o hip-hop. O evento foi sensacional, além da batalha de rima, tivemos batalha de beat, batalha de tag, um evento totalmente hip hop no Ouro Verde. A mensagem é sobre acreditar, você que ainda almeja rimar dentro do Teatro, ser um MC com vários títulos, acredita e faz acontecer. O principal é o foco, ninguém vai correr por você”, compartilha SKS.
O trio Tony Country também agitou a plateia com um show que entregou mais hip-hop.
Toda a programação foi gratuita. Ao todo, foram distribuídos 500 ingressos.
Texto: Franciele Rodrigues, Portal Verdade































