O Equipamento

Oswaldo Leite, seu equipamento e sua sensibilidade

Foto do Equipamento

Durante sua trajetória como fotógrafo contratado pela Prefeitura do Município de Londrina, Oswaldo Leite não foi um cara de “desfilar” equipamentos fotográficos de última geração. Ele fotografou durante décadas com uma câmera fotográfica Yashica Mat, de propriedade da prefeitura (esse era um modelo simples da Yashica, voltado para amadores e não para profissionais da fotografia). Seu filho, Otacílio disse em entrevista para a produção do livro Transformações urbanas: a Londrina da década de 1950 pelas fotografias de Oswaldo Leite que, além do equipamento da prefeitura, seu pai possuía uma câmera pessoal portátil dos “modelos mais simples da época” e tornou-se o “fotógrafo oficial” da família Leite, fotografando todos os eventos, encontros e comemorações festivas e sociais. Otacílio não soube precisar a marca e modelo da câmera particular de seu pai, mas, nas décadas de 1960 e 1970, as câmeras mais comuns, por serem portáteis, fáceis de manusear e baratas eram a Kodak Instamatic 155, a Olympus Trip e a Olympus Pen (provavelmente tenha sido uma dessas).

Muita gente acredita que para obter boas fotografias é necessário um equipamento profissional de última geração. Não deixam de ter uma pouco de razão. Mas a história da fotografia demonstra com muita clareza – e uma infinidade de exemplos – que, para se registrar uma boa fotografia, mais importante que a qualidade do equipamento utilizado é a sensibilidade do fotógrafo. E isso, além da disciplina documental, Oswaldo Leite tinha de sobra.

Ernest Hass, um fotógrafo austríaco e estadunidense, passou por muitas experiências fotográficas, da guerra à publicidade. Praticamente da mesma época que Oswaldo Leite, ele tornou-se mundialmente conhecido por conseguir fotografias líricas e humanas no cenário de tragédias e destruição da Segunda Guerra Mundial. Ernest Hass dizia que “a fotografia é a expressão da impressão”, ou seja, com a fotografia vamos exteriorizar algum sentimento ou impressão que está dentro de nós. E aí ele perguntava: “Se a beleza não estiver dentro de nós, como saberemos fotografá-la?”.

Assim, para encerrar e deixar claro: equipamento é importante, mas a sensibilidade do fotógrafo é ainda mais importante que o equipamento. Não sejamos, então, “meros operadores de máquinas”, sejamos fotógrafos sensíveis e com bom repertório cognitivo para sermos empáticos, representativos e documentais.